terça-feira, 1 de maio de 2012

Aniversário em tempo de Quaresma e Facebook

Daniela Lepinsk Romio, jornalista que adora o próprio aniversário

Meu aniversário sempre caiu na Quaresma. E, na minha casa, não se fazia festa na Quaresma. Uma festinha discreta, tudo bem. Mas não se dançava na Quaresma, nem se comia carne às quartas e sextas-feiras, nem se cortava o cabelo, nem se ouvia música muito alta. Cresceria um rabo em quem transgredisse as regras. Quaresma? É o período de resguardo católico que começa depois do Carnaval e só termina no sábado de Aleluia, véspera da Páscoa.

Lembro-me de poucas festas de aniversário. Era gostoso, mas sempre tinha a sombra da Quaresma... E quando fiz 13 anos, então, que ninguém se lembrou?! Era um domingo e eu, ainda muito boba, tinha vergonha de ficar lembrando as pessoas. Por coincidência, depois do almoço, passou um filme dos Trapalhões e, de repente, um deles falava: “Hoje é meu aniversário”. E hoje é MEU aniversário, repeti. Aí, ganhei muitos parabéns e abraços etc. Mas foi meio chato. Dois anos depois, quando fiz 15 anos, caiu na Quarta-Feira de Cinzas. Sem comentários.

Eu sei que me enchi. Agora, nem bem chega o mês de março e eu já começo a alardear que meu aniversário está perto. Conto para todo mundo, aviso que quero parabéns. Aceito antecipado, aceito atrasado, aceito parcelado. Aceito todos os dias! Adoro meu aniversário. Mesmo ficando mais velha. Eu gosto de ficar mais velha. Considerando a alternativa que resta, é ótimo! E não se trata só de acumular idade. É como a música maravilhosa do Palavra Cantada afirma: “Quando chega o meu aniversário eu me sinto bem maior do que eu era antes”.

Continuo não fazendo muita festa – mas sempre celebro o meu crescimento. E me dou um presente. E danço. Já ganhei até música na rádio (Envelheço na Cidade, do Ira!, dedicada pela minha irmã Sabrina em sua breve incursão no radialismo). E até hoje não criei rabo nenhum!!!

Nos últimos anos, uma das coisas mais legais do aniversário é o mural da gente nas redes sociais. Lembro da surpresa boa que foi o meu primeiro aniversário pós-Orkut. Eu não sabia como era. Fiz meu login normalmente no dia e elas estavam lá: quase cem mensagens de felicitações! Eu amei. Não interessa que as pessoas só se lembraram porque o Orkut avisou. Elas poderiam ter simplesmente ignorado o aviso – mas se deram ao trabalho de clicar lá e escrever os parabéns para mim.

Até hoje, mesmo com o Orkut às moscas e o Facebook já começando a saturar, acho superlegal abrir minha página no dia do meu aniversário. Gosto de poder “curtir” publicamente as felicitações. E gosto de dar os parabéns aos meus amigos todos... às vezes eu falho, porque fico dias sem entrar e perco as datas, mas consigo dar um alô à maioria.

Como nem tudo é perfeito, ultimamente começaram a chegar umas solicitações esquisitas no Facebook... Um tal de “Meu Calendário”, que obriga a gente a permitir um monte de acessos e intromissões à vida pessoal, caso queira participar. Thanks – but no, thanks! E até um cartão virtual, que vem automaticamente, mas se eu quiser ver – surpresa! Também tenho que liberar o acesso à minha vida inteira para os donos do Face. Go figure. Fiquei de fora desses. Prefiro os parabéns comuns mesmo, escritos no mural, do jeito mais antiquado... Feliz aniversário para mim! E feliz aniversário para você!

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