domingo, 5 de agosto de 2012

Sou manteiga derretida mesmo, e daí?

Sim, eu sou do tipo que chora em abertura de Jogos Olímpicos. Choro na final de vôlei quando o Brasil está lá. Choro quando um ginasta brasileiro cai ou tropeça. Não fico dizendo que são uns perdedores, nem que se entregaram. São tão poucos os que chegam lá, como chamar essa gente de perdedora?
Mas choro pelo contraste também - de um lado, a beleza dos atletas em competição pesada, mas respeitosa. De outro, gente sendo morta na Síria. Gente sendo morta no cinema quando só queria ver o Batman. Um pai que mata a mulher e o filhinho a facadas e se joga da ponte depois - sem nem conseguir morrer. A moça violentada por assaltantes na presença do marido, tão perto do Governo Federal. A menina violentada e jogada no mato, amordaçada e amarrada.
É tão estranho parar e assistir a um evento como esses depois de uma semana cheia de notícias tão brutas. Mas é alentador também, poder chorar um pouco por uma coisa bonita, como a cerimônia de acendimento da pira olímpica. Ouvir de novo uma canção tão delicada, que é Hey Jude, escrita por um cara bacana para consolar o filho pequeno do amigo, triste com a separação dos pais. Uma música de acalanto para uma criança. Que ainda serve de consolo para tantos, tantos anos depois...
Depois de tanta loucura e brutalidade, algo assim reacende um pouco a crença da gente no ser humano. Os bons são maioria, ainda são.

Daniela Lepinsk Romio, jornalista chorona. E-mail: jornalista.daniela@uol.com.br

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